terça-feira, 22 de março de 2011

Feliz 2011

Sim, meu primeiro texto aqui desde outubro do ano passado. O que fiz pra não escrever todo esse tempo? Muitas coisas!! Muitas mesmo!!

Novembro.. nada demais, casa, trabalho, casa, trabalho e namorada.

Dezembro.. época natalina, época boa.. época que um velhinho mal vestido aparece acompanhado de veadinhos. Não foi nada surpreendente, normal, com pessoas normais, nenhuma história bizarra ou louca o suficiente para ser comentada aqui.

Janeiro.. ano novo, época de desejar feliz ano novo a quem não se conhece. Assim como no natal.. foi normalzinho!

Fevereiro.. fiz o tumblr (eu acho que foi por aí mesmo) mas não me empolguei por muito tempo.

Março.. carnaval e muito trabalho.

Ou seja.. não postei nada nesse período por falta de vergonha na cara.

...

Essa semana ainda sairá um post digno de ser lido pelos meus 9 leitores.

abraços.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Enlarge your penis and increase your sexual performance

Estava conversando mais cedo com uma amiga, por msn, e contei do blog. A resposta dela: "Ai, eu acho isso tão romântico! Uma pessoa escrevendo para o mundo. Eu sempre quis montar um blog, mas tenho medo de não saber o que colocar ali. Mas é romântico demais!".

Romântico?!

Olha, é divertido, é relaxante... Mas passa bem longe do meu conceito de romantismo. Nada na internet é romântico. Nada. Estou escrevendo isso em um editor de texto e não num papel amarelado, usando uma pena de ganso. Meu Windows está em crise de identidade, porque descobriu que é pirata (e, pelo jeito que ele está reagindo, isso deve ser o equivalente a uma pessoa descobrir que é adotada). Tudo isso pega qualquer romantismo que isso aqui pudesse ter e manda excluir sem nem colocar na lixeira do Windows.

Ah sim, não podemos esquecer que estou ouvindo Horário Politico nesse exato momento. Ou seja, se houvesse uma Escala de Romantismo Universal, eu e esse post estaríamos em algum lugar entre "Gafanhotos Acasalando" e "Hiena Almoçando na Chuva". E essa, definitivamente, não deve ser uma posição digna de orgulho.

Aliás, romantismo mesmo seria começar um post assim:

"São 3 e 40 da manhã. Estou escrevendo isso no meu quarto, em Veneza, depois de meia garrafa de vinho. Uma brisa quente entra pela janela. Deixo os barulhos da rua me atingirem, afasto os olhos da tela e, olhando para as estrelas e sentindo o cheiro da cidade invadindo meu quarto, penso em me emocionar aqui, com você, nesse blog."

Ok, é bonito (partindo do princípio que o post fosse verídico, e não foi escrito por um vendedor de seguros divorciado numa lan house). Mas é irreal. Quem me conhece sabe que eu estaria mais para:

"Sao 9 da noite. Estou num bar em caratinga – que, para variar, esta completamente parado, porque um onibus quebrou perto do cruzamento. Faz 5 minutos que estou tentando sinalizar para o garçom que quero mais uma Coca, mas o babaca nem olha para mim. Alem disso, nao consigo configurar o teclado para escrever em portugues, entao nao faco a menor ideia de onde estao os acentos ou a porra da cedilha dessa merda, como voces devem ter reparado.

Mas a batata frita ta um tesao."

Não adianta. Para mim, qualquer coisa que envolva termos como "conexão banda larga", "endereço de IP" e "anti-spam" perde o romantismo. Não consigo ver romantismo associado a isso aqui.

Pronto. A prova disso acabou de chegar no meu e-mail. "Enlarge your penis and increase your sexual performance". Veio de um tal de Andrehotteen@hotmail.com

Blog não é nada romântico.

Cartão de Crédito!


– Alô?

– Boa tarde. Sr. Deivid?

– Sim.

– Tudo bem?

– Hum... Tudo. E você?

– Aqui é do ITAU. O motivo do meu contato é para dizer que estamos oferecendo, especialmente para o senhor, um cartão de crédito com inúmeras vantagens.

– É...?

– Sim, senhor. Com Inúmeras vantagens.

– Olha, eu não uso cartão de crédito. (mentira mode: on)

– Hum... Posso perguntar o motivo do senhor não usar cartão de crédito?

– Pode.

– ...

– ...

– Senhor Deivid?

– Sim?

– Achei que a linha tivesse caído.

– Eu disse que você podia perguntar o motivo. Você que não perguntou.

– Ah, entendi. Senhor, qual o motivo de não usar cartão de crédito?

– Nenhum. Eu apenas não uso. Acho que não gosto.

– Então, senhor, a ITAU está oferecendo um cartão com muitas vantagens para o senhor.

– Sim, você disse isso. Mas desde aquela vez, eu continuo não usando cartão.

– Como assim, senhor?

– A última vez que conversamos sobre isso, eu lhe disse que não usava cartão de crédito. Lembra? Faz uns 20 segundos. Então, eu continuo não usando. Eu não mudei isso na minha vida, de lá para cá. Aliás, eu não mudei muitas coisas na minha vida nesse tempo todo. Sabe como é, final de feriado...

– Senhor?

– Nada, esquece, esquece. O ponto a ser abordado aqui, é que eu não uso cartão. Vamos focar nisso.

– Mas veja as vantagens que o senhor pode ter. Anuidade gratuita, poder parcelar pagamentos, escolher o dia do pagamento...

– Mas tem uma desvantagem aí.

– Qual, senhor?

– Pagamento. Acho que é por isso que não eu uso cartão. Porque tem pagar. Mas, olha só! Será que eu posso ter o cartão sem pagar? Aí eu vou querer!

– Não senhor. Veja, temos as faturas mensais que...

– Ah, então não quero. É sem graça demais.

– Mas, senhor, hoje, cartão de crédito é a forma mais segura de pagamento.

– Eu não estou preocupado com a parte da segurança. Estou preocupado com a parte do pagamento. Se você me der o cartão e eu não precisar pagar, aí, sim, eu vou achar seguro. Porque, não importa o que eu comprar, eu sempre vou ter dinheiro para não pagar no final do mês. Ou no começo, já que você disse que eu posso escolher a data do pagamento. Ou do não-pagamento, no caso.

– Mas, senhor, isso não é possível.

– Eu sei. Por isso que eu não uso cartão de crédito. Aliás... Porra... Você me fez um favorzão. Todo mundo me perguntava porque eu não uso, e eu nunca soube responder. Sabe, eu ficava até meio sem graça, as pessoas perguntavam e eu não sabia dar um motivo. Mas, graças a você, agora eu sei! É por causa do pagamento.

– Senhor...

– Poxa, valeu mesmo. Gostei disso. Olhe, eu sei que essa frase é sua, mas vou tomar a liberdade de dizer isso para você, coisa que ninguém nunca deve ter feito.Eu agradeço sua ligação e desejo que você tenha uma boa tarde!

– Senhor Deivid?

(Tu Tu Tu Tu)

(minha meta agora é receber uma ligação de alguma operadora de celular e tentar convencê-lo – por telefone – de que não posso usar telefone porque sou surdo-mudo)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Banheiro Masculino.



Na guerra milenar que existe entre homens e mulheres, elas levam vantagem no quesito “banheiro”. Sim, porque o banheiro feminino ainda é um dos maiores mistérios da sociedade, com inúmeras teorias de cientistas, sociólogos e namorados, divididos em temas que vão desde o “por que elas demoram tanto lá dentro” ao clássico “mas precisam sempre ir com uma amiga?” (em relação a este último, eu, particularmente, gosto da idéia que prega a existência de uma mesa de pingue-pongue lá dentro – daí a necessidade de duplas). Já o banheiro masculino não oferece nenhum mistério ou romantismo. Se o cara demora no banheiro, “é porque está aprontando algo”. Simples assim. Enquanto o banheiro feminino é um universo à parte, o banheiro masculino é apenas isso: um banheiro.

Totalmente injusto. Tudo bem que nossos banheiros não devem ter a mesma graça que os femininos e, realmente, nada de muito interessante acontece lá dentro (ao menos, naqueles em que eu freqüento). Mas eles têm algumas regras de conduta que devem ser seguidas para o bem-estar de todos os presentes. A primeira e mais importante é a Lei do Ôpa.

Quem é homem, sabe. Você está ali, em pé, olhando a parede e obedecendo ao impiedoso chamado da natureza, quando a porta atrás de você se abre. Você vira a cabeça e dá de cara com outro sujeito entrando ali. Seus olhares se cruzam e, com um leve aceno de cabeça, vocês se cumprimentam da única forma aceitável nessa situação:

– Ôpa.

– Ôpa

.

Isso porque não faz parte da natureza humana entrar num banheiro e dar de cara com alguém. Ao entrar num banheiro, você inevitavelmente está invadindo o território de quem já está ali. Não é uma das situações mais confortáveis do mundo – tanto para quem entra como para quem está lá dentro. Por isso foi criada a Lei do Ôpa. Apesar de nunca oficializada, foi o modo que os homens desenvolveram, ao longo dos séculos, de dizer: “estou aqui pelo mesmo motivo que você. E eu também preferia estar sozinho. Vamos acabar logo com isso, voltar cada um pra sua mesa e fingir que nunca nos encontramos”.

Sem o Ôpa, ninguém fica tranqüilo lá dentro. Fica a impressão que você será atacado a qualquer minuto (em qualquer sentido que essa palavra possa assumir) pelo sujeito que está lavando as mãos, ou pelo cara que acabou de entrar. O Ôpa acaba com qualquer dúvida. Ele deixa claro que vocês não são amigos, provavelmente não serão amigos nunca, mas que irão se tolerar respeitosamente por alguns instantes. E, que, “sim, você pode fazer o que precisa aqui dentro. Não vou ficar no seu caminho, desde que você não fique no meu”.

Não há uma alternativa para o Ôpa. Se você entrar num banheiro, der de cara com alguém e soltar um “oi, tudo bem?” a pessoa vai te olhar com desconfiança. Se você sorrir para ele, então, é capaz de dar pau lá dentro. Nada substitui o Ôpa. Algumas pessoas mais formais preferem o clássico “Como vai?” ao darem de cara com alguém no banheiro, mas acabam sendo vistas com desconfiança. Um “Como vai?” deixa uma certa tensão no ar, você não sabe se a pessoa vai continuar a conversa ou não. Já o Ôpa deixa claro que a única conversa que vocês terão é aquilo mesmo: Ôpa. E isso basta. Desde que seja pronunciado no tom correto, claro. O Ôpa jamais pode ser empolgado demais, ou alegre. O Ôpa correto é sempre sério, fechado. Você está num banheiro masculino, e não há espaço para alegria lá dentro.

Por isso que admiro as pessoas que vão para o banheiro ligar para a amante. Você entra ali e o cara está encostado na pia, combinando com aquela morena de 22 anos deliciosa como vai fazer para fugir do escritório e se encontrar com ela, ao mesmo tempo em que ela dá chiliques no telefone porque ele ainda não largou a esposa. Mesmo naquela situação delicada, ele olha para você e acena com a cabeça, com aquele olhar de Ôpa. É uma pessoa que, mesmo com motivos menos importantes para estar ali, teve a delicadeza de obedecer às regras sociais e tranqüilizar você com o Ôpa providencial.

Respeito também os que entram correndo no banheiro, suando frio e já abrindo as calças no caminho. Mesmo nessa situação, alguns ainda encontram tempo para soltar um Ôpa apressado no caminho, dando mostras de uma hombridade e uma consciência social ímpar. Na verdade, ele nem olhou no seu rosto, mas, mesmo assim, obedeceu às regras vigentes.

O problema são os homens que vão aos pares no banheiro. Você entra e eles estão ali, conversando sobre as pernas da loirinha da mesa. Eles são uma dupla e você ali, sozinho. Nesses casos, o seu Ôpa requer mais respeito, devido à inferioridade numérica, mas, se somente um deles já responde, a tensão se dissipa. O porta-voz da dupla aceitou sua entrada ali dentro. Quando os dois respondem, então, é sinal que você já faz parte do bando.

A exceção são os banheiros de shopping. Como estão sempre lotados, a Lei do Ôpa não se aplica. Ali é terra de ninguém. Por isso que esses lugares contam com um guardião: o faxineiro, que mantém a ordem no lugar, observando a todos do seu posto soberano (ao lado da pia, apoiado num rodo que pode ser usado como arma em casos extremos).

Mas, em todos os outros banheiros – menos o da sua casa, a não ser que você more numa pensão – a Lei do Ôpa é tão importante como lavar as mãos depois. Isso vale para todos os banheiros: desde aqueles dos restaurantes mais finos até o do boteco do outro lado da rua, que está sempre alagado e a porta não fecha direito. Não importa o que você foi fazer no banheiro, o Ôpa é a senha que permite que a paz continue reinando lá dentro.

A civilização ruiria sem o Ôpa.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Bebês...

Bom, vo falar de uma coisa leve. O assunto, porém, é de extrema importância e irá definitivamente mudar um pouco seus conceitos cotidianos. O papo da vez é "Pessoas que Encaram Bebês". Visualiza a cena aí:

Você está numa fila, por exemplo. Olha pra pessoa da frente e vê que ela está segurando um bebê. Este, por sua vez, está te olhando profundamente nos olhos, sem se mexer. Qual é a primeira coisa que você faz? Vai lá, diz aí, sem vergonha. Pode dizer: Você faz alguma careta idiota pro bebezinho rir. E consegue. Quando faz o bebê rir uma vez, você não para. Suas caras vão ficando cada vez mais sem sentido algum, para divertir um ser humano que nunca viu na vida e que, provavelmente, nunca mais verá.

Quando a mãe da criança vira, você finge que nunca viu o bebê na vida. Fica de cara séria e ignora os últimos minutos de intimidade e alegria entre você e a criança. Cada um toma seu rumo e fim.

Todos vocês, alguma vez na vida, já fizeram caretinha pra bebê rir.

A questão é: Nego tem vergonha disso. Na hora que você percebe que alguém que raciocina (ao contrário de você, no momento) está te olhando, você para de fazer as caretinhas. Não pare! Faça inclusive, pra pessoa também. Porra, ela também faz isso. Se o neném estivesse na frente dela, seria ela o jegue que estaria fazendo caras e expressões sem sentido. Após anos e anos de observação, concluí que O MUNDO INTEIRO FAZ ISSO. "Ih, um bebê! Awwwghrblublubloim"

Há, claro, os caras de pau que gesticulam pro bebê, são pegos no flagra e apelam um assunto pra desviar a atenção, tipo "Awwwghrblublubloim..err...criança fofa, né? Quantos anos? Já é um espertinho hihi". Não sintam-se acanhados. Continuem fazendo caras escrotas pra porra do bebezinho. A mãe/pai da criança deve fazer em tempo integral esta merda. Aquele é um momento só seu e do neném, vocês dois estão lá na maior vibe positiva de alegria, foda-se o mundo.

De qualquer forma, tá aberta a campanha. Abrace essa causa.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Cciksrwrrundredi

É sério isso? Você realmente vai perder tempo lendo um post chamado Cciksrwrrundredi?

Tudo bem, você acha que eu escrevo bem – e agradeço imensamente o voto de confiança – mas, no seu lugar, eu já teria virado as costas e ido embora. Porque fazer um post chamado Cciksrwrrundredi já é exagero da minha parte. É muita vontade de chamar a atenção.

Cciksrwrrundredi. É brincadeira, né? Porque a palavra não quer dizer nada (ao menos, eu acho) e, além de tudo, é feia, parece o som de alguém limpando a garganta. Não há a menor possibilidade de um post com este título ser bom.

Aliás, quer um conselho? Eu nem perderia mais tempo aqui.

Deivid x Bebado!

Sabe aqueles dias nos quais você precisa matar alguém?


As mulheres chamam de TPM. Eu sou mais sincero e chamo de “dias que preciso matar alguém”. Sim, é esse o nome. Tem outros nomes, como “o dia em que o Deivid está com os cornos virados”. Mas eu particularmente prefiro “dias que preciso matar alguém”.

E não é “dias nos quais preciso matar alguém”, é “dias que preciso matar alguém” mesmo, porque homicídio e concordância gramatical não necessariamente precisam andar juntos.

São os dias em que tudo, absolutamente tudo, deu errado e eu, em algum momento, explodo.

Ando pela rua torcendo para que alguém menor que eu surja do nada, puxe uma faca e mande-me entregar o celular. Assim, eu tenho todos os motivos do mundo para fazer com que ele coma a faca, o celular e provavelmente um dos meus tênis. Claro que nunca aconteceu nada.

O motivo pelo qual nunca aconteceu nada é que meu rosto, quando estou assim, não deve ser dos mais simpáticos. Alguns meses atrás eu tive uma crise dessas e fui a Caratinga. Eu andava pela calçada e as pessoas iam desviando e abrindo caminho para mim. E evitando me olhar nos olhos. Num determinado momento, minha vontade era parar e berrar: “Vão se FU...”

Mas, quando eu explodo, dura apenas cinco minutos. Já os dias nos quais eu preciso matar alguém são bem mais raros (felizmente) e o ódio dura muito mais (infelizmente).

Nesses dias, se eu fosse um personagem de Star Wars, o Darth Vader ligaria para o Imperador assim que me visse, para falar:

– Mestre? Acho que tem um lado negro mais negro ainda que o nosso. Você nunca me disse nada sobre isso. Sabe de algo a respeito? Porque, pelo que vi, lá parece ser mais promissor em termos de carreira. Isso sem falar na satisfação pessoal.

Enfim, ninguém precisa ficar assustado. Estes dias são raros mesmo.

Mas recentemente tive um deles.

Logo depois de deixar minha namorada no ponto de Onibus, estava andando pela rua com a minha melhor expressão, quando o tal moleque menor que eu com uma faca surgiu do nada, mas na figura de um bêbado. Foi na frente da UNEC.

– Ei! Vozzzzzê aí!

Eu parei e olhei.

Eu já havia visto este bêbado ali algumas vezes. Está sempre gritando e mexendo com as pessoas na rua.

Enquanto ele se aproximava, tentei incinerá-lo com meus olhos. Não deu certo.

Meu punho se fechou.

Como vi Sherlock Holmes esse mês, planejei com cuidado cada um dos meus movimentos. Eu iria quebrar o nariz dele com um murro; ele iria ficar tonto; eu daria uma voadora; ele cairia para trás, sobre o capô de um carro estacionado a poucos metros. E eu terminaria a surra o segurando pelos cabelos encardidos e enfiando meu joelho em sua boca. Quando ele estivesse no chão, tentando contar os ossos quebrados, eu diria apenas “volte para sua cela ou eu irei atrás de você”, estalando o pescoço.

Não, melhor. Ia cobrir o FDP de porrada até chegarmos perto de uma lata de lixo. E de metal, tinha que ser um latão de metal. Com o pinguço no chão, pegaria o tampo do latão e o surraria impiedosamente com aquilo, até deixar seu rosto desfigurado. Aí, me levantaria e cuspiria na cara dele, resmungando ofegante que “Já era, seu bêbado filho da puta”.

(E, nos meus sonhos, o pessoal do Takuari sairia correndo assustado para a rua, para ver o que estava acontecendo, e eu já quebrava um deles de porrada também, para puni-los pelo fato de nunca terem troco.)

Mas mudei de idéia, por que a única lixeira ali perto é de plástico.

Não ia dar certo.

Estava pensando em qualquer surra de cinema quando o bêbado decidiu que eu havia demorado demais.

Era a vez dele.

– Vozzzzê conhezzzze zaquela piada do careca? jaaaá ouviu? a piada do careca?

E de repente eu me lembrei que não sou o Batman, nem ninguém.

Lembrei-me que sou o Deivid.

Quer dizer, na verdade eu estava prestes a me tornar o Careca da tal piada, mas, naquele instante, eu ainda era o Deivid. E, como Deivid, eu não dou voadoras nem tenho tampas de metal de latas de lixo. Eu tenho só as palavras.

E, como o sujeito parecia estar bêbado demais para se lembrar de que um dia alguém disse “paus e pedras podem quebrar meus ossos, mas palavras não me atingem”, fui em frente.

– Conheço. É aquela na qual o careca manda o bêbado ir tomar no cu.

Meu punho continuou fechado.

–Ooooi?

– É, é assim mesmo. Presta atenção que eu vou contar. Ok?

– Zok.

– Vai tomar no cu.

– ooOoi?

– Eu avisei que já conhecia.

Pensei em colocar um “mortal” no final da minha frase, mas o bêbado não teria entendido. (Nota mental: experimentar chamar alguém de “mortal” na próxima discussão que tiver na rua. Não me esquecer de fazer olhar de Deus. Hades, de preferência. Procurar imagens no Google para futura referência.)

– Hum... axo que não zera azzzim.

– Agora é. Vai embora antes que eu conte de novo.

– Tá. Xau.

– Tchau.

Virei a esquina, me apoiei na vitrine da Spazzio e fiquei rindo por cinco minutos.

"Às vezes, é mais fácil do que a gente imagina. E mais divertido."