Os fatos ocorridos nesse texto se passaram na tarde de sábado dia 28 de agosto de 2010.
Eu, até então, me sentia um rapaz na plenitude da existência, sem medo do perigo e de aventuras. Chega, porém, o momento na vida de um homem em que ele deve encarar a realidade de frente e assumir suas fraquezas. Essa é a minha história:
Eu havia acabado de almoçar. É comum, não sei diabos a razão, que depois de consideráveis períodos sem arrumar meu quarto eu encontre um número exagerado de teias de aranha. Encontro aranhazinhas no canto do cômodo, dentro do armário e, acreditem vocês, tinha uma fumando um cigarro. Mas não é esse o problema.
Eu estava no meu quarto, jogando por volta de 13 hooras. Como o calor estava insuportável, resolvi abrir a janela do meu quarto pra dar aquela ventilada. Não foi o ato mais genial da minha vida: Ao dar um pause no joguinho, fui urinar e, bem na minha porta, estava ela. Cascuda, imponente e com a graça de uma bailarina das trevas, me encarando e balançando as anteninhas. No momento eu não sabia o que ela estava querendo me dizer, mas depois entendi que ela dizia algo do tipo "Eu sou uma barata".
Em todos os outros momentos da minha vida, soube lidar com esse tipo de situação como um homem são. Eu chamava a minha mãe. Mas naquele momento eu estava sozinho em casa, éramos apenas eu e ela. E ela parecia saber disso. Aquela barata aprendera as técnicas da intimidação com algum terrorista muito habilidoso. Não vou mentir pra vocês, fiquei aterrorizado, mas precisava agir. E não podia pisar nela, por que o odor emitido por um cadaver desses não é dos mais agradáveis. Então enquanto ela estava na minha porta, toda baratesca e imponente, dei um salto quase olímpico sobre ela para sair do quarto e pegar um inseticida no armário.
Não tinha inseticida.
Na real? Eu já estava suando frio. Entretanto, com toda minha MacGyverice, bolei um plano: peguei um desodorante e um isqueiro (e um sapato, para último caso). Voltei pronto para a ação. Lá estava ela, confiante, segura de si. Sem pestanejar, mandei ver com meu lança-chamas improvisado na barata. Fui conferir o inseto pulverizado pós-fogaréu. Para minha surpresa, não havia nada. Numa olhada instintiva, vi que ela estava indo para trás da mesa do meu computador. Fui atrás. Ela se escondeu.
Eu já havia sacado aquele esquema, ela não era uma qualquer, ela tinha os movimentos calculados, com a destreza de um agente da SWAT. Borrifei meu desodorante atrás da mesa e ela saiu correndo pro lado esquerdo. E ela também saiu correndo pro lado direito. Ao mesmo tempo.
...depois de alguns milésimos de confusão, eu entendi o que estava acontecendo.
CARALHO, ERAM DUAS! Eu já estava desnorteado, não entendia porque aquele inferno estava acontecendo comigo, já estava sem esperanças de sair vivo de lá. Pra piorar, uma delas, mostrou sua habilidade mais atormentadora. Ela voava. Fiquei catatônico por alguns minutos mas não desisti da minha guerra particular. Ao mesmo tempo que uma voava, a outra rastejava e esta, por sua vez, teria que aprender uma lição -vamos chamá-la de "Barata 1"-. Peguei minha lixeira que, por sorte, estava vazia virei ela de ponta-cabeça e construí uma pequena prisão para a Barata 1.
Mesmo depois de presa ela me olhava com um olhar malicioso...
Ela, Barata 1, estava agora na condição de refém e a voadora -vamos chamá-la de "Barata Turbo"- deveria entender quem era o fodão daquele quarto. Mas o cárcere de Barata 1 não intimidou nem um pouco Barata Turbo. Peguei novamente meu Lança-Chamas e assassinei a Barata 1 na sua jaula. Era a vez da Turbo, mas esta já havia se escondido em algum lugar do meu quarto.
Me dei por vencido. Um homem de verdade sabe a hora de parar. Joguei a toalha branca e trouxe o Not pra sala. Até agora não sei por onde ela anda e se ela ainda me procura, para vingar sua amiga.
PS.: Por respeito aos familiares e amigos de Barata 1, as fotos de seu corpo carbonizado não serão exibidas aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário