Quando criança, sempre fui muito mimado por ser o mais velho e era tudo novidade para os meus pais, e como consequência, recebia uma superproteção em qualquer situação que me oferecesse perigo. Hoje, relembrando desses momentos, não entendo o motivo de eles não me proibirem de ir à piscinas. Piscinas normais ou as de plástico.
"Ora, mas qual é o perigo, Deivid?" você me perguntaria. Eu digo que a pergunta certa seria "Qual é a segurança?" pois piscinas são os lugares com maior probabilidade de nos oferecer hematomas, cortes, torções, tosses e traumas. Antes de continuar, darei um tempinho para vocês lembrarem "daquela" vez num possível churrasco em que você se fodeu numa piscina e saiu chorando pra sua mãe que, com a maior malícia e abuso de sabedoria do mundo, dizia: "Foi só um susto".
NÃO, NÃO FOI. E se a minha mulher que eu vier a ter, um dia disser isso para os meus filhos, eu darei uma porrada na cabeça dela e direi a mesma coisa. Pra ela aprender que susto é susto e dor é dor.
Fiz um exercício mental e juntei os piores momentos da minha vida relacionados a uma piscina. Vou falar primeiro daquele que provavelmente já aconteceu com todas as crianças do mundo:
O escorregão na borda. Apesar de clássico, é um dos mais lindos espetáculos quando visto de fora. É sempre com aquela criança retardada em volta da piscina com uma asinha de frango na mão, correndo sem nenhuma razão realmente importante, que pisa em falso na borda molhada e escorregadia e senta o queixo no chão, ou na borda. Alguns ficam ali mesmo, urrando de dor com a mão na cara, mas outros sem querer, rolam e caem dentro da água, fechando a apresentação com maestria.
Ainda na linha de lembrança das bordas, tinha também a briga de galo (cujo nome não faz sentido algum pra mim, já que nunca vi galos brigando daquela forma) onde a pessoa de cima batia com a costela durante a queda e o sempre presente "mortal". Mesmo que difícil de acontecer, já presenciei algumas batidas com o calcanhar em áreas que não tinha água e sim material sólido.
Agora, essas peripécias só são possíveis numa piscina grande que, pra mim, é o tipo menos letal. Posso dizer isso pois já tive uma de plástico na minha infância e aquele alí, meu amigo, é o tipo de coisa que separa os meninos dos homens. Hoje existem aquelas redondas, "fundas". Nããão. A minha era uma de 2000 L retangular com ferrinhos, a hardcore. Cansei de escorregar naquele plástico do fundo, bater com o dente no ferrinho e, ocasionalmente, bater com meu saquinho infantil na borda (de ferro) tentando sair e, novamente, escorregando no plástico.
O pior é que 2000 litros é um volume limitadíssimo de água para, digamos, duas pessoas. Imagina em dia de churrasco que aquele bando de primos, filhos dos outros e crianças dignas de um show beneficente do U2 vinha aqui pra casa. Sem sacanagem, em uns 25 minutos a água já estava numa cor verde-amarelada e mais pastosa. Todo mundo sabe que bexigas infantis, quando cercadas por água, tendem a excretar urina. Eu era criança, nem ligava. Afundava mesmo. Me refrescava com o mijo dos outros e até engolia sem querer. Engasgava e tossia a urina alheia, feliz...ahh, minha infância.
O único dia que a piscina foi realmente interditada foi num churrasco que teve onde meu primo, ainda menino, encheu o rabo de todas as carnes que seu juvenil corpo poderia agentar e caiu na água. Depois de aproximadamente 7 minutos brincando naquele quadrado cheio de água, ele botou TUDO pra fora: Desde o último pedaço de linguiça com farofa até o Nescau do café da manhã. A piscina ficou completamente coberta pelo líquido de cor desconhecida por mim até hoje. Mermão, não sobrou UMA criança na piscina. Nunca vi um sistema de evacuação tão rápido.
Depois desse dia, eu nao entro mais em uma piscina por trauma. Sei lá, por mais limpa que ela esteja, eu ainda sentia que estava pulando no conteúdo gástrico do meu primo. Fui crescendo e nunca mais entrei com a vontade devida.
De qualquer forma, esse post é uma dedicatória à minha antiga piscina. Eu gostava dela. Mas certamente darei uma mais digna para os meus filhos.
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